RASTREADOR BRASILEIRO
“ Uma raça de alta utilidade para o país”
por
Marcus Túlio Cavalcante Costa
Medico Veterinário / Juiz e Criador de Cães
Por volta dos anos 50, o gaúcho Oswaldo Aranha Filho, fazendeiro, caçador, criador de cavalos Árabes, radicado no Rio de Janeiro, iniciou a formação de uma nova raça de cães com objetivo de desenvolver animais com características de caça, porte atlético, sendo resistente às intempéries e ao terreno.
Para Oswaldo Aranha Filho, o Rastreador Brasileiro, como foi reconhecida a raça pela FCI principal entidade cinológica do mundo, no ano de 1967, a raça fora desenvolvida para a caça de onça e do porco do mato, uma característica marcante é a capacidade de vocalizar urros de diferentes sons para cada momento da caçada e não ter amarelo no pêlo para não confundir com a onça.
No ano de 1973, a raça sofreu um duro golpe que determinou a sua extinção, após infestação por carrapatos, os animais adquiriram a doença babesiose transmitida pelos parasitas, além de altas doses de carrapaticidas que cominou com a morte dos 39 exemplares da raça, na época o senhor Oswaldo Aranha Filho enviou uma carta para FCI narrando o ocorrido e solicitando o cancelamento do registro do Rastreador Brasileiro, sabe-se que antes da extinção da raça, foram doados mais de 30 cães machos para caçadores em troca de informações referentes ao trabalho dos cães durante as caçadas.
Atualmente o Grupo de Apoio ao Resgate do Rastreador Brasileiro – GARRB vem desenvolvendo um trabalho para que a raça volte a ser reconhecida pelas entidades cinológicas nacionais e internacionais. O grupo vem sendo liderado pelo senhor Victor Jones do Estado da Bahia, o objetivo principal do GARRB é fazer o cadastro de cães com o fenótipo da raça Rastreador Brasileiro, pois apesar de considerado extinto acredita-se que cães em diversas regiões do país carregam os géns dos animais doados pelo senhor Oswaldo Aranha Filho aos caçadores.
Recentemente o GARRB conseguiu cadastra um grande numero de cães que são catalogados através de fotos e registrados em um banco de dados disponível na Internet ( www.pedigreedatabase.com), essas informações tem contribuído para o crescimento dos cadastros, a procura por informações e solicitações do certificado da raça vem aumentando gradativamente, muitas pessoas se sensibilizaram com a historia da extinção da raça e procuram de alguma forma ajudar no resgate.
Embora o grupo venha registrando um aumento no cadastro de reconhecimento da raça e uma constante procura por filhotes, há um entrave referente a disponibilidade de animais para acasalamento, como os cadastros são solicitados de diversos Estados do Brasil, ainda existe uma grande dificuldade logística para o planejamento das cruzas, além das distancias intermunicipais com estradas e vicinais de péssimas infra-estrutura, que prejudicam a locomoção e reflete diretamente na formação de um plantel mais homogêneo.
Visando o controle de doenças e a manutenção dos instintos de caça, já se planeja a formulação de regras que regulem a criação e reprodução do Rastreador Brasileiro, critérios que servirão de auxilio para a seleção de Reprodutores e Matrizes. O exame radiológico para Displasia Coxo Femoral será cobrado para os cães da raça, patologia esta que acomete cães de médio e grande porte, visto que sua severidade pode comprometer o desempenho dos animais no trabalho. Está sendo elaborado também um teste para avaliar o temperamento e instinto de caça, o TAN (Teste de Aptidões Naturais para Cães de Rastro), que não tem caráter de prova, mas, visa observar as qualidades e comportamento de caça natural e não o nível de ensino, que será aplicado após a aprovação de uma comissão para julgar o teste. Em algumas regiões os animais além de cadastrados recebem uma tatuagem na orelha direita, forma essa que visa controlar e monitorar os cães certificados pelo GARRB, a marcação através da tatuagem foi muito utilizada pelo Sr. Oswaldo Aranha Filho. A aplicação dos requisitos logo serão uma realidade que contribuirá para a melhoria da raça.
Mas que um resgate, os amantes do Rastreador Brasileiro pretendem chegar ao que o pai da raça admitia ainda não ter conseguido, o Tipo Ideal, “tenho humildade de afirmar que estava conseguindo esse tipo, mas ainda estava longe de uma raça”, disse Oswaldo Aranha Filho em entrevista. Seguir fielmente o que idealizou o senhor Oswaldo Aranha Filho é uma das metas do GARRB, buscar um cão que realmente represente a capacidade de realizar tarefas e trabalhos auxiliando o homem na cidade e no campo, valorizando a cinofilia do país, resgatando um verdadeiro patrimônio genético e consolidando um cão “Made in Brazil”.
“Rastreador Brasileiro,uma raça de alta utilidade para o país”
Oswaldo Aranha Filho
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